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Automedicação: 59% dos homens não procuram urologista

Automedicação ainda é hábito de 77% dos brasileiros e mais da metade dos homens recorrem a remédios para disfunção erétil sem orientação.

A saúde masculina vive um momento delicado. Por um lado, dados mostram que as buscas na internet relacionadas a “doenças masculinas”, indo de disfunção erétil e calvície até infarto cresceram durante a pandemia. Por outro, a pesquisa “Um Novo Olhar Para a Saúde do Homem” aponta que cerca 59% dos homens não se consultam com um urologista. Além disso, dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostram que 77% da população brasileira faz uso da automedicação.

Mão masculina segurando um comprimido ilustrando o hábito de automedicação.
59% dos homens não se consultam com urologistas.

Para os, os urologistas Rodrigo Lima e Frederico Xavier é preciso reforçar a importância das consultas de rotina, da prevenção de doenças masculinas e do risco associado ao uso de medicamentos sem orientação médica.

Automedicação e saúde masculina

Ainda de acordo com a pesquisa “Um Novo Olhar Para a Saúde do Homem”, quase 37% dos homens na faixa etária até 39 anos e 20% dos que têm mais de 40 afirmam que não fazem visitas regulares ao médico. Segundo os participantes, eles só procuram ajuda de um profissional de saúde quando se “sentem mal”.

Como explica Rodrigo, existe uma imagem fantasiosa da masculinidade e do “homem infalível”, que não fica doente e que não precisa de ajuda para resolver seus problemas. Para ele, esse conceito está diretamente ligado a essa resistência em procurar orientação médica.

“Esse impacto cultural ainda é muito forte em algumas regiões do nosso país. Não devemos ter vergonha de procurar ajuda ou atendimento para sanar dúvidas, cuidar da saúde ou tratar doenças. Recomendamos que os homens iniciem seguimento regular com o urologista ainda na adolescência, para que já cultivem o hábito de se cuidar”, afirma o urologista.

Além da disfunção erétil

Dados do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostram que 45% dos homens brasileiros sofrem com disfunção erétil em algum nível, por exemplo. Aliada à calvície, ela está entre os problemas que mais afetam o público masculino. Contudo, ao invés de significar uma maior presença nos consultórios, eles têm impulsionado a busca desses homens pela automedicação amparada na recomendação de familiares, amigos e vizinhos.

No entanto, o urologista Frederico Xavier alerta que o problema pode ir além. Isso porque o câncer de próstata segue como o segundo mais comum entre homens no País e corresponde a cerca de 29% dos tumores malignos dessa parcela da população.

Enquanto isso, dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que dois terços dos homens com mais de 40 anos não realizam exame de toque e metade jamais fez teste de PSA – exame de sangue usado para ajudar no diagnóstico. Não por acaso, o Centro de Referência em Saúde do Homem aponta que mais de 50% chegam aos consultórios com doenças em estágios avançados.

Infelizmente, isso não é tudo. O médico ressalta a queda na realização de biópsias e exames de detecção e acompanhamento da doença. Para ele, tudo isso mostra um cenário de retrocesso perigoso nos cuidados com a saúde masculina, em especial no que diz respeito à próstata.

“Isso reforça a necessidade de acompanhamento regular. Muitas doenças crônicas tiveram acompanhamento e tratamento postergados por conta da pandemia. E a isso adicionamos também os exames preventivos, de check-up e de rastreamento de doenças. É muito importante que, num momento de melhora do cenário com relação à infecção e internação por coronavírus, as pessoas se atentem a essas questões e retomem os cuidados básicos com a saúde”, finaliza o urologista.

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