Cirurgião do aparelho digestivo, Thiago Tredicci, reforça importância da medicação conforme orientação médica
A saúde gastrointestinal do brasileiro pode estar caminhando para um cenário sombrio. Um estudo realizado na Espanha constatou que a bactéria H. pylori – ou Helicobacter pylori – tem se mostrado resistente aos três principais antibióticos usados em seu tratamento. Para o cirurgião do aparelho digestivo, Thiago Tredicci, membro da Singulari Medical Team, a principal preocupação está na capacidade da bactéria de causar a gastrite, a úlcera péptica e até o câncer de estômago.
Estima-se que 40% da população mundial seja afetada pela H. pylori. Como explica o especialista, a infecção se dá por via oral, por meio da ingestão de líquidos ou alimentos contaminados, e pode acontecer ainda nos primeiros anos de vida. A bactéria pode permanecer por um longo período no organismo e até jamais apresentar sintomas, mas também costuma ser responsável tanto por desconfortos gástricos comuns como por doenças graves.
Diante disso, seu diagnóstico é feito por endoscopia, apenas depois que sintomas como dor, queimação e sensação de estufamento desencadeiam a suspeita do paciente e de um médico gastroenterologista.
No estudo espanhol, foi constata uma resistência entre 20% e até 30% da bactéria às principais medicações utilizadas em seu combate. Normalmente, uma resistência de 15% já é considerada bastante preocupante e quando ela atinge patamares a partir de 30% seu uso no tratamento é inviabilizado.
Apesar disso, acredita-se que esse ainda não seja o caso do Brasil. Atualmente, o uso de antibióticos contra a H. pylori no País registra uma taxa de sucesso elevada. Contudo, vale ressaltar que a duração do tratamento que antes era de sete dias passou para 14 motivada justamente pela constatação de um aumento na resistência da bactéria.
Diante disso, Thiago Tredicci reforça a importância de seguir a recomendação médica à risca para evitar manifestações mais graves. Além disso, ele lembra que o uso prolongado de antibióticos pode causar efeitos colaterais como náuseas e vômitos que, por sua vez, vão fazer com que o paciente decida interromper o tratamento antes do tempo.
Outro ponto relevante está no fato de que embora o índice de eficácia dos antibióticos no Brasil ainda seja alta, ela já foi melhor no passado. Foi a percepção de ocorrências mais resistentes da bactéria que destacaram uma queda no sucesso do tratamento e, por consequência, no aumento de sua duração.
Por fim, o cirurgião do aparelho digestivo Thiago Tredicci frisa que existem outras opções caso a resistência aos antibióticos padrão siga aumentando, mas elas tendem a encarecer o tratamento. Mais do que isso, ele pontua que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a H. pylori como um agente carcinogênico por sua forte relação com o câncer de estômago e lembra que essa manifestação da doença é uma das mais graves em parte por seu diagnóstico predominantemente tardio.
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