Doença diverticular é comum em pelo menos 40% da população acima dos 50 anos, mas nem todos vão precisar de intervenção cirúrgica.
Você conhece alguém que já precisou fazer uma cirurgia no intestino? Em 2021, o Papa Francisco pegou o mundo de surpresa quando passou por esse procedimento para retirar uma parte do órgão. No fim, o procedimento não teve caráter de urgência e serviu para recuperar a qualidade de vida do pontífice. Contudo, o cirurgião do aparelho digestivo Thiago Tredicci, membro da Singulari Medical Team, explica que o problema que levou a essa cirurgia é mais comum do que se imagina.
Segundo o especialista, a presença de divertículos no intestino grosso causa complicações e pode demandar a intervenção feita no caso do Papa. “As chances são de que 40% da população acima dos 50 anos de idade sejam portadores da doença diverticular”, afirma.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 59 milhões de brasileiros têm mais de 50 anos. Contudo, o cirurgião afirma que não há motivo para pânico. De fato, nem todos os pacientes que têm divertículos no intestino obrigatoriamente precisam ser operados.
De acordo com Thiago, a intervenção cirúrgica é feita depois de repetidos casos de diverticulite aguda, o que pode levar ao estreitamento de parte do intestino chamado de estenose. Nesses casos, fica difícil a passagem das fezes, pode haver dor abdominal e até a interrupção total da evacuação. Assim, o impacto na qualidade de vida da pessoa doente é evidente.
De qualquer forma, o cirurgião explica que nem todos os casos da doença evoluem para crises agudas e que, mesmo nesses casos, o tratamento conservador é a escolha comum. “Ou seja, por meio de tratamento com antibiótico e medicações analgésicas, sem necessidade de cirurgia”, pontua.
Se é assim, por que então o Papa Francisco foi operado? Analisando o caso, Thiago Tredicci afirma que se trata de um procedimento eletivo. Ele estaria relacionado ao surgimento de complicações após repetidas crises de diverticulite aguda, como a estenose mencionada.
Contudo, o médico ressalta que é mais comum recorrer à cirurgia quando ela é a única saída. “Via de regra, ela acontece na urgência, quando o paciente tem uma perfuração do divertículo. Isso leva a uma contaminação importante por fezes da cavidade abdominal. Nesse cenário, é uma cirurgia de muito mais risco”, alerta.
Além dos efeitos da própria contaminação, o risco também está relacionado à confecção da emenda intestinal. “É retirado um pedaço do intestino – o sigmóide -, e é feita uma emenda do cólon descendente com o reto – anastomose. É nesse setor que podem haver falhas da cicatrização levando a reoperações, infecções abdominal e de ferida cirúrgica, entre outras complicações”, explica.
O especialista esclarece ainda que pacientes idosos submetidos a procedimentos intestinais de grande porte também convivem com o risco de evoluir com problemas como embolias, trombose venosa profunda ou pneumonias. No entanto, ele conclui que o uso de vídeo cirurgias ou até mesmo de cirurgia robótica tem aprimorado os resultados da intervenção. Por isso, faça acompanhamento médico regular.
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