Permanência do vírus no tecido peniano mesmo após o fim da infecção pode gerar disfunção com impactos prolongados na vida sexual masculina.
A disfunção erétil – também conhecida como impotência sexual – é mais uma das sequelas ligadas à COVID-19. Estudos recentes como o da Escola de Medicina da Universidade de Miami mostram que o vírus pode permanecer no pênis após o fim dos sintomas e causar alterações que interferem diretamente no funcionamento normal do órgão.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a impotência afeta quase 50% da população com mais de 40 anos. No entanto, a pandemia e o comportamento do vírus podem mexer com esses números. Como alerta o médico Rodrigo Lima, urologista da Singulari Medical Team, as evidências científicas apontam que o pênis é um dos ambientes preferidos pelo vírus.
Portanto, isso coloca em risco uma função masculina que já é bastante delicada – mesmo em um contexto externo à pandemia. “Costumo comentar com os pacientes que a ereção é um dos mecanismos mais complexos que existem no organismo, pois depende de uma série de sistemas estarem em bom funcionamento para que aconteça de forma adequada”, destaca.
O urologista explica que a ereção acontece porque estruturas do pênis – conhecidas como corpos cavernosos – se dilatam e se enchem de sangue. Para isso, é essencial que os tecidos que formam o órgão produzam uma substância capaz de iniciar estímulos nervosos. É aí que a relação entre COVID-19 e impotência aparece.
“Alguns estudos científicos já evidenciaram que pacientes infectados produzem menos óxido nítrico no endotélio dos corpos cavernosos, em relação a pacientes que não tiveram a doença e também tinham disfunção erétil. Assim, esse pode ser um dos fatores para a piora da função sexual nesse grupo de pacientes”, exemplifica o médico.
Outro detalhe importante está na permanência do vírus no tecido do pênis mesmo após a recuperação do paciente e o fim dos sintomas da COVID-19. O médico explica que os estudos mostram que os efeitos negativos dessa presença podem se manifestar ainda durante a infecção e até mesmo persistir no médio prazo.
No entanto, isso infelizmente não é tudo. De acordo com Rodrigo Lima, essa também é uma doença com maior risco de trombose, uma formação perigosa de coágulos que dificultam a circulação e que também serve de agravante em relação ao desempenho sexual. “Caso o trombo acometa os vasos penianos, também haverá menor aporte de sangue para as estruturas. Isso contribui para esse quadro de disfunção erétil”, pontua.
A verdade é que, além dos efeitos da COVID-19, vários fatores orgânicos e agressões externas podem ocasionar disfunção endotelial. Diante disso, o médico urologista ressalta que a adoção de bons hábitos de vida tem grande impacto. “Reduzir a carga de estresse, dormir melhor, alimentar-se bem, não fumar, moderar na bebida alcoólica, perder peso e praticar atividade física de modo regular. Esses são fatores importantíssimos para uma ereção de boa qualidade”, aconselha.
Ele destaca ainda outros obstáculos consideráveis para um bom desempenho sexual como os distúrbios de ansiedade, questões fisiológicas do corpo, como dosagem de glicemia, função da tireóide, avaliação do colesterol e a dosagem de testosterona – que é o hormônio masculino e sofre uma queda de produção a partir dos 40 anos – e, por fim, neuropatias, especialmente nos pacientes diabéticos, e distúrbios circulatórios.
“Por tudo isso, é muito importante que os pacientes com qualquer uma dessas queixas consultem um profissional especializado para avaliação e tratamento adequados”, conclui.
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